Tecnologia de ponta ou vigilância sobre rodas? Veja como o reconhecimento facial está moldando o futuro automotivo no Brasil
A tecnologia automotiva evolui em ritmo acelerado, e uma das inovações que mais tem chamado a atenção em 2025 é o sistema de reconhecimento facial em carros. Mais do que um recurso futurista, essa funcionalidade já está presente em diversos modelos de ponta e levanta debates importantes sobre segurança, privacidade e regulamentação.
No Brasil, onde o mercado automotivo passa por um intenso processo de digitalização e conectividade, o reconhecimento facial desponta como uma possível exigência legal para os próximos anos.
A seguir, você entenderá como funciona essa tecnologia, quais marcas já utilizam, o que diz a legislação atual e quais são as reais chances de se tornar um requisito obrigatório em todos os veículos novos.
O que é o sistema de reconhecimento facial automotivo?
O reconhecimento facial automotivo utiliza câmeras instaladas no interior do veículo, geralmente próximas ao volante ou ao painel, para identificar o rosto do motorista por meio de inteligência artificial. O objetivo pode variar:
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Desbloqueio e partida do carro, como uma chave digital baseada no rosto
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Configuração automática de preferências, como ajuste de bancos, temperatura e sistema de som
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Monitoramento de atenção e fadiga, com alertas em tempo real
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Acesso restrito e segurança contra roubos
A tecnologia se integra a sistemas de infotenimento, direção autônoma e telemetria, funcionando de forma contínua e aprendendo os hábitos do condutor ao longo do tempo.
Quais montadoras já utilizam reconhecimento facial em 2025?
Diversas marcas já investem fortemente em carros com reconhecimento facial, especialmente no segmento premium e de veículos elétricos.
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Geely Galaxy E8
Sedan elétrico vendido por cerca de R$ 180.000, já traz reconhecimento facial integrado ao sistema operacional da cabine, com desbloqueio e personalização de perfil.
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Tesla Model 3 Highland (importado no Brasil por R$ 289.000)
Permite autenticação facial para login no sistema e controle de funções internas.
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BYD Seal
Com preço inicial de R$ 259.800, utiliza câmeras frontais para monitoramento de fadiga e atenção do condutor, com IA que reconhece padrões faciais de sonolência.
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Hyundai Ioniq 6 (a partir de R$ 284.990)
Conta com tecnologia de biometria visual para segurança, evitando partidas não autorizadas e ativando perfis automáticos.
Além disso, startups automotivas e empresas de tecnologia já trabalham em sistemas universais que poderão ser instalados como aftermarket, ampliando o acesso à tecnologia mesmo em veículos usados.
O reconhecimento facial será obrigatório no Brasil?
A possibilidade de o reconhecimento facial em carros se tornar obrigatório no Brasil vem sendo considerada por órgãos reguladores, especialmente no contexto do aumento de acidentes causados por fadiga e da crescente preocupação com segurança veicular.
O Denatran e o Contran já estudam medidas que possam tornar obrigatório o uso de sistemas de monitoramento de atenção, especialmente em veículos de transporte coletivo e de carga. Embora ainda não haja uma norma específica para reconhecimento facial, especialistas acreditam que a tecnologia pode ser exigida como parte de um pacote de segurança ativa, sobretudo em veículos de categorias mais avançadas.
Outro fator que pode acelerar essa obrigatoriedade é a integração entre dados biométricos e os sistemas de CNH digital. Com a expansão do Gov.br e da identidade digital, torna-se tecnicamente viável usar o rosto como chave biométrica universal, inclusive no trânsito.
Principais vantagens do sistema de reconhecimento facial em veículos
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Maior segurança contra furtos e sequestros relâmpago
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Redução de acidentes por sonolência ou distração
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Experiência de condução personalizada automaticamente
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Eliminação de chaves físicas e senhas
Além disso, o reconhecimento facial permite controle parental em tempo real, restringindo o uso do veículo por pessoas não autorizadas, ideal para famílias e gestores de frotas.
Preocupações com privacidade e armazenamento de dados
Apesar dos benefícios, o uso de dados biométricos em veículos levanta dúvidas importantes sobre privacidade. Em 2025, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) continua sendo a referência principal para o tratamento de dados sensíveis no Brasil, exigindo:
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Consentimento explícito do usuário
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Armazenamento seguro das informações
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Transparência sobre uso e compartilhamento dos dados
Montadoras que utilizam reconhecimento facial precisam estar 100% em conformidade com a LGPD, sob risco de multas e sanções.
Mercado em expansão e impacto no consumidor
Em 2025, estima-se que mais de 12% dos veículos novos vendidos no Brasil já contam com algum tipo de reconhecimento biométrico, e esse número pode dobrar até 2027.
Para os consumidores, isso significa maior controle, conveniência e proteção, mas também custos adicionais em veículos com a tecnologia embarcada. Carros com reconhecimento facial geralmente estão R$ 10.000 a R$ 30.000 acima de modelos equivalentes sem o recurso, embora essa diferença venha diminuindo com a adoção em larga escala.
Reconhecimento facial nos carros não é mais ficção científica—é uma realidade que molda o futuro do setor automotivo brasileiro. Com potencial de se tornar padrão de segurança e identidade, essa tecnologia está no centro de um debate que mistura inovação, privacidade e regulamentação. Para quem está pensando em trocar de carro em 2025, vale considerar não apenas a potência e o design, mas também o nível de inteligência embarcada.